domingo, 30 de agosto de 2009

República do Pão de Queijo

Qual a sensação que você teve ao chegar em outros estados e logo, pelo seu sotaque, ser perguntado se é desse ou daquele lugar?

Certa vez estive em Nova Friburgo, região serrana do Rio. Numa padaria pedi um pão de queijo. Olha só! A balconista, muito proseadora me perguntou se eu era de Minas. Pra quê né!? Respondi que sim e devolvi sonsamente perguntando: "Porquê?". Obviamente, ela me disse: "Por causa do sotaque!". Que bom! Pensei que fosse por causa do pão.

Nada de anormal, eu também já fiz esse papel. Nos tempos da engenharia conheci o Pedro, com um sotaque ligeiramente nordestino. Eu, perfeito idiota, perguntei se ele era baiano. Ele disse que não veio de lá, mas de Manaus.


Os mineiros, em sua terra natal, se consideram tão normais quando em algumas regiões do estado. Em BH se fala tanto o verbo "panhar" (significado: pegar alguma coisa, em especial frutas na árvore). em Juiz de Fora - onde os outros mineiros chamam de Esquina do Rio - muita coisa é diferente. Parece que os juiz foranos não se reconhecem mineiros. Pra começar 90% da população é torcedora dos times cariocas; quando precisam ir a uma cidade maior por qualquer motivo, preferm a Cidade Maravilhosa à Belô. Sem contar que há uma certa ignorância para com a diversiade cultural do próprio estado. Na "capital da Zona da Mata", pessoas do Sul de Minas são taxadas de paulistas, só por causa do 'r" puxado. Se um cidadão do Vale do Jequitinhonha chega em JF, logo logo será chamado de baiano. E o belorizontino, de caipira. Se realmente assim for , porque não puxamos o "s" no nosso linguajar, já que somos cariocas do brejo?


Não que esteja criticando o jeito juizforano de ser mineiro. Aliás, isso ocorre em toda a Zona da Mata. O fato é que como bom mineiro - acho que sou mais mineiro que brasileiro, inclusive, e torço para o Flamengo - curto mais do que outros a riqueza do nosso estado. Prefiro ir a Ibitipoca em vez de Copacabana! Ir à Ouro Preto do que São Paulo (ninguém merece aquilo) ou mesmo curtir as montanhas desse lugar, com direito a um "cafezin", pão de queijo, broa e feijão tropeiro do que pegar uma estrada rumo a um lugar cheio de gente (muitas das quais você vê o ano inteiro, como em Piúma).


Ser mineiro é ter uma identidade diferente dos outros brasileiros. Seja de onde for, de Berlândia ou Belzonte, de Varrrrrginha ou Gis de Fora. Somos um povo facilmente reconhecido em qualquer lugar. Seja pelo "jeitin" de pedir um litro de leite (um lidilêiti) ou um quilo de carne (um quidicarni), seja pela culinária sem igual ou pelas belezas que paulistas, fluminenses, gaúchos ou manauaras (quem é de Manaus) vislumbram quando nessas terras chegam. Ser mineiro é ainda mais que isso, é ter espírito forte e presença na cultura e na história desse Brasilzão!


Oh Minas Gerais

3 comentários:

  1. Belo post, que bom que tem este lugar para postar suas ideias, isso faz bem a mente.
    voltando ao caso, "sou mais mineiro que brasileiro" digo isso sempre, o amor que sinto por esta terra é enorme. por mais que eu conheca e me deslumbre por outras terras, é da minha que sinto saudade.

    ResponderExcluir
  2. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  3. Faltou falar sobre o centro convergente de cultura e filosofia, a querida rainha da Zona da Mata, a industrializada e desenvolvida economicamente,do Colosso da Mata, do Diamante do Emboque, a ilustrissima Raul Soares! La você encontra a raiz da mineridade! Somente lá você ouve frases como essa: "Peguei a dula ess pédepesigo prabase duns cincano e oi pro cê ve, né pesgo não, é calipto !" (traduzindo: Adulei esse pessegueiro por uns 5 anos e, olha só, não é figo, é eucalipto!"). Acredito que um mineiro só é completamente feliz quando esta em Minas! E esse negocio de que Minas não tem mar é mentira. è o mar que não tem Minas!!!

    ResponderExcluir