quinta-feira, 5 de junho de 2014

Então...


... É sempre assim que tomamos a palavra em um debate ou discussão. Quando nem imaginamos o que falar e, obrigatoriamente, nos vemos no meio de um turbilhão de ideias, o 'então' serve basicamente para duas coisas: Parar o brainstorm pessoal e tomar fôlego para começar a organizar os pensamentos. 
Após mais de dois anos sem escrever aqui, vejo que as ideias começam a se organizar e, após tantos acontecimentos na minha vida (falecimento do meu pai, meu casamento, minha formatura em jornalismo), vejo-me em um fim de ciclo, entrando em outro. 


Parece que só agora comecei a ter ideia do meu lugar, só agora meu diploma faz sentido. Tão suado e tão desvalorizado pela sociedade - essa mesma que ainda acredita que qualquer um possa ser jornalista (ledo engano) - Num país onde Datenas, Marcelos Rezendes e Bonners se auto intitulam assim, dá vergonha ver quando as pessoas compreendem o profissional apenas como um leitor de notícias. E devemos parar de acreditar que as palavras de José Luiz, Sheherazade e companhia bela nos representam e que isso seja suficiente.

Todo o processo que uma pequena informação percorre até chegar aos olhos e ouvidos do espectador/leitor/ouvinte se resume a um tosco "isso qualquer um faz". Caramba! Tenta se responsabilizar pelo que você diz, escreve, mostra. Isso nenhum dos acima citados faz. Caramba! Não são jornalistas! Não eles! Mas não vamos criticar a televisão. Como empresas, só oferecem aquilo que é demandado. Ninguém demanda conhecimento. Vá ver a audiência de canais educativos. 

Lembro-me de uma cena em "Game of Thrones" em que Lord Varys diz que informação é melhor do que o dinheiro. Clodovil, do alto de sua arrogância, disse que a melhor herança que recebeu foi o conhecimento vindo de sua mãe adotiva. Ora, o conhecimento não é libertador? Busquemos profissionais sérios, responsáveis, que nos darão informação - a base de qualquer conhecimento. 
Então... Sejamos mais exigentes. Falta isso!


Ah! E vai ter Copa, para o seu desconhecimento! 


domingo, 18 de março de 2012

Ao toque do teclado, ao aroma do café


(Notas de/para um jornalista)

Televisão no mudo, o bom e velho PC da Intel de 2006 e seus 256 Megabytes de memória, um dia com clima bem ameno e uma caneca com café ao lado do monitor. Um dia bem interessante para escrever, tentar digitar sem olhar para o teclado do computador. Mais cedo, arrumando as coisas no meu quarto, encontrei esquecida, embaixo da minha cama, uma Olivetti Lettera 25. Meu Deus! Como essa manhã de domingo, o último do verão, aniversário da minha irmã – nada a ver com o texto, mas tudo bem – está me fazendo tão jornalista. Dizem que profissionais da comunicação preferem o frio, bebidas quentes, filmes antigos e músicas reflexivas. A caneca é porque gosto, mas já vi que isso é um clichê de filmes com repórteres. Isso me lembra as redações.

Fico imaginando como devia ser difícil, bater com todos os dedos numa máquina de escrever e aquela sequência A-S-D-F-G-ESPAÇO que se aprendia nos cursos de datilografia. Então penso: Os primeiros teclados sofreram muito por causa da força com que eram tocados – pausa para um gole de café, abraço de parabéns na minha irmã.

Agora comecei a escrever em fontes serigrafadas, espaçamento 1,5. Sempre achei que isso era bobagem, mas se os especialistas dizem que é melhor para ler, então que seja. Olha eu seguindo o protocolo!

Não sei se há um manual para ser um jornalista clichê, ou, se for um jornalista diferente, sofrerei algum tipo de bulling. O fato é que vejo coisas diferentes a todo o momento, como se a bipolaridade afetasse não só a mim, mas a todos que desejam segurar um microfone, chamando a atenção de todos que estão passando. E mais: junto com a caneca de café, devo combinar um pão de queijo, uns biscoitos tipo maisena ou o bom e velho café, sozinho com as letras aparecendo no monitor, já é o bastante?

Três parágrafos – iniciando o quarto – e num disse nada! Esse é meu medo: escrever e achar que o volume faz o tanto. Só queria dizer que esse estilo de vida é tão misterioso e ao mesmo tempo, tão escancarado, que chega a confundir. Mas se pararmos pensar é isso mesmo. Não temos certeza. Se fosse pra ser exato, teria continuado na engenharia!

domingo, 20 de março de 2011

Ainda é tempo!

Até pouco tempo atrás poderíamos mudar o mundo, mas quem roubou nossa coragem? Se Renato Russo perguntasse isso pra mim, eu diria com toda a força: O tempo, as obrigações, o medo do próprio mundo futuro. Outro ano se passou e mais uma vez eu digo: estamos perdendo tempo por nos preocuparmos com o tempo. Nisso, o mundo está do mesmo jeito.
Hoje em dia a correria é tanta que nada do que fazemos parece render. Olha a quantidade de compromissos que assumimos e no fim das contas parece que fizemos pouco, pra não dizer nada! A sensação de vazio só é preenchida quando num dos raros momentos relax, enfim, conseguimos fazer uma síntese de nossa vida e comparamos com outras épocas. Aí é que a ficha cai. Digo isso não porque sou daqueles que simplesmente vivem e deixa que o futuro cuide de si próprio. Mas aprendi, às duras penas que o melhor da vida acontece quando somos nós mesmos e fazemos da vida o momento de viver, não simplesmente de existir ou fazer as coisas para ecoar na história. A ideia é outra: Queremos ser úteis para sermos inesquecíveis, quando na verdade somos superficiais e dispensáveis.

Pra terminar (afinal, já disse que meus posts serão mais curtos) trago o conselho simples de um amigo: “Faça seu tempo! Há sempre a oportunidade de fazer algo útil com ele, com seu amor, com você mesmo! Ouça uma música boa, leia um trecho do seu livro predileto, reencontre velhos amigos, ande na rua olhando pro alto! Não vai te atrapalhar muito e dará uma sensação incrível de melhor aproveitamento!”

sexta-feira, 9 de julho de 2010

No ar: mais do mesmo*

Ao mesmo tempo em que a televisão aberta brasileira dá sinais de amadurecimento – mesmo após 60 anos de instalação – podemos 'apreciar' a continuação da mesmice. A música “metamorfose ambulante”, do imortal Raul Seixas, parece não fazer nenhum sentido para as principais emissoras do país. Ao passo que mídias como a internet e a TV por assinatura se popularizam cada vez mais, parece que o futuro dos grandes empresários televisivos será mesmo sucumbir em suas próprias tentativas de reinventar o modo de se produzir televisão. Durante a evolução da TV , muita gente parou e assistiu seu programa preferido, mas convenhamos que tudo que é repetitivo ou parecido cansa. A TV Record, por exemplo, ainda acha que tentando copiar a Globo, pode chegar ao primeiro lugar em audiência. Tudo bem que com algum mérito conseguiu superar o SBT – diga-se o teimoso Silvio Santos, o que acaba dando na mesma – mas deixar de aproveitar esse filão para simplesmente ser um genérico global, é querer subestimar a capacidade do telespectador saber diferenciar esse ou aquele programa. Mas nem por causa de seu padrão de qualidade, a Globo fica livre de ser criticada. Justamente por acreditar que pode criar, manter e extinguir hábitos, a emissora carioca tenta ainda empurrar esse molde de programação engessada, a qual nunca dá sinais de quebra de tabu; e isso já chegou ao limite. No Projac ou em outras, os programas de auditório dominicais, os desfiles de lingerie, debates esportivos, enlatados norte-americanos, reality shows e novelas ainda povoam a televisão aberta, numa mistura de nada com coisa alguma, pois nada disso é novidade e há muito não enchem os olhos tanto assim. Na verdade acaba sendo uma forçação de barra. O mais curioso é que os conteúdos são basicamente os mesmos. Afinal, na vida e na TV, nada se cria, tudo se copia ou muda de emissora. E ao que tudo indica: será sempre assim. É a reinvenção do que já vemos e não mais interessa. E tanto os empresários como o telespectador fingem que isso não existe.


*artigo produzido para a disciplina Processo Informação I